QUEM SOU EU NO MERCADO DE TRABALHO ATUAL? UM SIMPLES DESABAFO QUE PODERIA SER SEU
Quantas vezes desde dezembro
de 2021 eu tenho respondido essa pergunta em redações para processos seletivos
intermináveis daqueles que muitas vezes você não recebe nem resposta depois de
se cadastrar para a pré-seleção? Pergunto-me se realmente estão interessados em
saber em quem de fato sou eu como pessoa ou se querem apenas com isso encontrar
em minha redação algum deslize gramatical para poder me eliminar. No mundo
atual em que as máquinas fazem a primeira seleção, o fator humano é o que menos
importa, não é mesmo? Então, para que se dar o trabalho de perguntar quem sou
eu?! Para você que me “seleciona”, eu serei apenas um número e ainda assim,
esse número nem chegará a ter uma durabilidade, porque uma vez descartado entre
os milhares de currículos de profissionais incríveis que também foram jogados
fora por uma pré-seleção mecânica, superficial e de forma eletrônica,
principalmente por uma coisa horrorosa chamada Gupy, que aplica testes com textos
tão gigantescos e tempo de menos para ler e resolver que é impossível dar conta
do enunciado e responder as opções enormes de resposta de múltipla escolha sem
mesmo poder completar a leitura do enunciado ou das respostas, mas se você opta
por ler, o tempo não é suficiente para responder e você fica num ciclo vicioso,
tem notas baixas nos testes, não alcança a pontuação esperada. Mas, sabe de uma
coisa? Entendi que a baixa pontuação num teste desses não significa que você é
um profissional mediano, medíocre e incapaz de responder uma prova-teste ou
fazer uma redação, não se deixe abater por isso, não deixe que sua estima
diminua em nada, você é capaz, você é um (a) excelente profissional, como comprova
o seu currículo e sua história pregressa em outras instituições e o problema
não é você. Acredite! O problema está no emburrecimento do “novo sistema de
pré-seleção”. Não pense que se até o momento você enviou milhares de
currículos, preencheu mais testes online do que é capaz de contar e até aqui
ninguém nunca te notou, não acredite nem por um segundo que é por sua
incompetência, mas pela nova forma remota de “selecionar” mecanicamente os que
parecem “melhores” e tecnicamente conseguiram burlar os testes infernais
produzidos para serem respondidos por robôs e não por pessoas de verdade do
outro lado, pessoas que realmente têm uma carreira, experiência, inteligência,
pro atividade e que poderiam dar o seu melhor em uma instituição. Quando me
perguntam em uma redação dessa com um título do tipo: “Quem sou eu?”, tenho
vontade de perguntar se querem realmente saber quem sou eu de verdade ou se
preferem que eu enfeite, que faça “a superficialmente rasa” para ver se
finalmente sou notada, se me enxergam como profissional e me dão a chance de
mostrar o meu potencial. Mas, será que querem saber quem sou aqui dentro de mim
ou como eu sou em uma instituição? Tudo é tão relativo e depende de tantos
fatores! Querem realmente saber quais são os meus sonhos? E se eu falar? Se for
totalmente sincera ainda iriam querer continuar me conhecendo, convivendo no
dia a dia? Essa é uma pergunta um tanto profunda... para não dizer extremamente
pessoal. Isso importa de verdade? Será que uma pessoa consegue conhecer a outra
em uma simples redação? Vai me contratar ou só não sabe o que perguntar
diretamente e então teve a intenção de dar um tema de redação como esses? Nunca
te ocorreu que poderia ser invasivo? E essa ideia de pedir para você citar “x”
qualidades suas e “x” defeitos seus? Que ideia mais bizarra! Quem em sã
consciência quer olhar para seus defeitos em uma entrevista de emprego? É
sério? Ainda é entrevista, não é? Não mudamos para uma sessão de terapia,
espero... A verdade é que há pessoas que passam uma vida sem olhar para temas
como esses... mas se respondo a tudo isso, se falo dos meus defeitos e
qualidades, ainda tenho chance? Quer que eu tenha um fio de esperança com esse
tipo de entrevista? É isso? Ou espera que eu fracasse aí? Você quer um
profissional ou um candidato à terapia? Acredite, essas perguntas tolas não
fazem de você um conhecedor do ser humano, talvez você o conheça com a
convivência no dia a dia se ele permitir, ou não. Mas, então, se sou sincera,
posso ter um fio de esperança, porque afinal, a sinceridade nunca foi tão
apreciada numa instituição que está contratando, não é mesmo? Estou sendo
irônica? Oh, não! De forma alguma, estou sendo extremamente sincera. Abro aqui
o meu coração. Falo dos meus planos. Falo dos meus sonhos. Sinto esperança e
até quase certeza de que fui bem. Mas aí, aquela resposta que deveria chegar no
dia seguinte, mesmo que seja uma resposta negativa, nunca chegou. Então,
carinhosamente, você pega essa pequena decepção pela mão e a leva para junto de
suas irmãs recém-chegadas e outras nem tanto e a acomoda em um cantinho (fora
de você, porque se guardar isso, vai ficar doente), lhe dá um copo de chocolate
quente e lhe diz para que não se preocupe, acontece, ela não está sozinha. E um
dia não será sempre de decepção, pois, um dia um sentimento radiante de
felicidade chamada vitória chegará para trazer a alegria e a certeza da
esperança e de que vale a pena lutar, isso será um alento para cada pequena,
grande, nova ou velha decepção, porque assim é a vida, cheia de altos e baixos,
mas vale muito a pena viver. E nesse dia, essa pequena vitória irá contar assim
para as decepções: Sabe, meu nome é Lescia Pereira Jatobá, mas sou mais conhecida
como Lescia Jatobá. Eu sou uma pessoa com muitos amores e sonhos na vida. Para
começar, eu amo os livros, bibliotecas, adolescentes, crianças e público em
geral, aliás, adoro estar entre pessoas! Eu amo ler de tudo, mas amo em
especial a literatura fantástica, entre eles Harry Potter, Senhor dos anéis,
Crônicas de Nárnia, O ciclo da Herança, Mundo de tinta..., mas não é só isso,
porque tem tanta coisa boa publicada nesse mundo e nesse país (como Clarice
Lispector, Graciliano Ramos, Bandeira, Pessoa, Guimarães
, etc.) que nem que eu viva
muitas vidas haverá tempo suficiente para ler tudo que eu gostaria e que está
na fila. Outra paixão minha, amor de verdade e grande sonho da minha vida e
alma são os aviões! Esse é um capo vasto, incrivelmente maravilhoso com o qual
eu sempre sonhei em trabalhar, mas também foi um sonho que nunca pude realizar,
mas quem sabe em outra vida? Não tenho altura para comissária de bordo. Não
tenho visão para piloto, aliás, tenho visão monocular e a visão que me resta
não é das melhores. Logo, eu não poderia trabalhar dentro de um avião. Poderia
ser faxineira, trabalhar em qualquer setor, desde que pudesse ser na área, mas
nunca tive essa oportunidade, quem sabe em outra vida...?, sou bibliotecária
com muito orgulho e tenho duas paixões: livros e os aviões. E, acredite, já
pensei em sugerir que colocassem bibliotecas em aviões para que eu tivesse uma
chance, e até pensei em um nome para essas bibliotecas: “Biblio Nas Alturas”,
mas quem me daria essa chance? E, quem adotaria essa ideia? Eu não falo inglês.
Sou boa em Espanhol, mas inglês é uma coisa complicada para mim, porque travei
nesse idioma ainda no colegial depois que tive um péssimo educador egocêntrico,
enfim, nunca mais consegui entender facilmente o inglês, mas isso não significa
que eu não seja uma profissional incrível, que ama contar história para
crianças de todas as idades, que não se acanha diante do público, que consegue
improvisar se o momento se apresentar, uma pessoa que nuca irá se vergonhar por
ser quem é, que ama estar com as pessoas, que as aceita e as respeita como cada
pessoa é... Então, quando a pequena ou grande Vitória tratar todas as decepções
com a alegria e a esperança, elas também irão entender que não foram culpadas,
que o fracasso não é delas, mas da nova forma de selecionar pessoas no mundo
moderno atual, que simplesmente descarta profissionais incríveis acreditando na
“seleção” de uma máquina, quem acha que, depois de seus testes ridículos,
realmente pegou os maiores e melhores, e é por essa razão que muitos setores do
mercado está inundado de incompetência e mediocridade. Não é você, caro
candidato, e também não sou eu o fracasso. O fracasso pertence ao mundo moderno
que perdeu a mão em fazer um processamento seletivo humanizado e entregou essa
tarefa aos algoritmos. Levante a sua cabeça, você é muito melhor do que te
fazem pensar que é, medíocre mesmo e mediano está o mercado de trabalho atual.
Pronto. Falei.
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